quarta-feira, 20 de maio de 2015

Aqui nasceu Portugal # Guimarães #

Convento de Santo António dos Capuchos & Jardins do Castelo

Reza a História que aqui nasceu Portugal. Em Guimarães, cidade que cresceu à volta do Castelo, estrategicamente construído no ponto mais alto da colina. Foi aqui que nasceu o primeiro rei de Portugal. E que ainda criança, D. Afonso Henriques, terá sido batizado, na Igreja de São Miguel, a escassos metros do Castelo.
Mas não foi o Castelo que nos demorou. Há pouco que ver, ali, ainda que os jardins da Colina Sagrada convidem a uma pausa, antes de descer ao burgo, e que tanto o Paço dos Duques, construção que remonta ao século XV como o Convento de Santo António dos Capuchos, espaço museológico da Santa Casa da Misercórdia de Guimarães, mereçam uma visita.

Paço dos Duques

Foi o burgo que nos enamorou. Com as suas ruelas estreitas. Tranquilas. Com as suas praças amplas. Repletas de luz e de gente. Emolduradas pelo casario, em grande parte adaptado ao comércio tradicional e à restauração. Com as suas varandas. Floridas. Oh que coisa mais linda! Tão genuína. Tão nossa. Com os seus edifícios históricos. Monumentos. E museus.

 Padrão do Salado, no Largo da Oliveira, mandado construir, em 1340, por D. Afonso IV, aquando da vitória na Batalha do Salado. & Igreja Nossa Senhora da Oliveira.

Domus Municipalis ( antigos paços do município)


Museu de Alberto Sampaio, considerado por José Saramago como um dos mais bonitos por onde passou.


E a gastronomia. A vitela com batatas assadas no forno que nos serviram na Cervejaria de Guimarães, no Largo João Franco. E o doces da Divina Gula. Trazem-me água à boca, as memórias.

Cervejaria Guimarães, Largo João Franco

Divina Gula, Rua de Santa Maria

terça-feira, 19 de maio de 2015

Porto.

Ribeira

Dizem que o Porto é cinzento, tristonho, que lhe falta aquela luz que o Tejo dá a Lisboa. Tem dias! E mesmo nesses dias não perde o encanto. Mas ontem, quando abri a janela, debruçada sobre o Douro, o sol beijou-me o rosto. Um sol com cheiro a mar. O casario da Ribeira, ergueu-se diante do meu olhar, em todo o seu esplendor. Na minha varanda, os amores-perfeitos, respiravam frescura, as últimas gotas do orvalho da alvorada. Nas ruas já se sentia o bulício do fim-de-semana. Entre os trausentes, haviam dezenas de turistas, que se amontoavam à porta das lojas de artesanato, e aqui e ali iam espreitando as ementas, comerciantes, que acabavam de compor as montras, e peixeiras de cesta à cabeça a fazer as últimas entregas da manhã.
Por volta da hora de almoço, os fogareiros saltaram para a entrada das casinhas muitas delas transformadas em restaurantes típicos. Cheirava a peixe grelhado, como na minha aldeia. E o cheiro parecia não incomodar os estrangeiros, aliás atrevo-me a dizer que vêm à procura destes cheiros, desta genuinidade tão característica da Invicta.

Ribeira

Ribeira

Passeio das Virtudes

Ribeira: comércio tradicional & restaurantes típicos

Ribeira, bulício da hora de almoço

É uma das casa mais antigas da cidade, remonta à Idade Média.

Ruelas na Ribeira

Ribeira: comércio tradicional

terça-feira, 5 de maio de 2015

Coimbra, a saudade



"Lembro-me da primeira vez que te vi, realmente, vestida de negro e iluminada por uma lua enorme cor de pérola. Senti uma certa vertigem cá dentro, um orgulho imenso que ainda hoje não consigo explicar. Nesse momento percebi o verdadeiro porquê das baladas, do choro das guitarras. Observei a disposição de cada edifício; a universidade lá no alto; a Cabra a guardar cada canto, cada pedra. Senti-me em casa, no verdadeiro sentido da palavra casa. Como se fosses uma extensão física de mim. Uma necessidade lógica de viver para lá do meu corpo.
Desde esse dia até hoje, passaram-se anos. O tempo é inevitável. Passa por nós e vai-nos transformando aos poucos. Mas há coisas que ficam marcadas por dentro. Coisas que guardamos de forma a que sejam eternamente nossas. De ti guardo todos os momentos que me trouxeram até aqui. As conversas partilhadas entre os amigos que me apresentaste e que guardarei para a vida. As gargalhadas e as noites dessa juventude sónica que parece ter passado a correr. Os primeiros sorrisos dos amores começados à beira rio; as últimas lágrimas choradas em bancos de jardim por esses mesmos amores. De ti guardo esse ponto cardeal que será para sempre a minha juventude. O porto de abrigo necessário que continuarei a procurar e a recordar ao longo da vida. Guardo essa ténue linha que separa essa mesma juventude da idade adulta. A metamorfose de quem entra menina e sai mulher. Guardo de ti essa saudade dos passeios nas tardes de primavera. O calor infernal das tardes de Junho. A beleza das tuas entranhas feitas de pedras históricas e conhecimento. A alegria dos cortejos de caloiros e finalistas. Guardo de ti as músicas cantadas em uníssono de copo na mão. A capa negra que me lembrará para sempre dessa primeira noite em que te vi com olhos de gente; a mesma capa que um dia vesti com tanto orgulho.
Muito fica por contar. As melhores histórias, guarda-as o silêncio. São apenas nossas. Chegámos ao fim da canção. É hora de partir com a certeza desse passado. Com a certeza desse futuro que começou em ti. "










segunda-feira, 4 de maio de 2015

Mercado do Bom Sucesso # Porto #

Mercado do Bom Sucesso, Porto
Era dos poucos espaços que ainda não conhecia nesta cidade, que é cada vez mais minha. O pretexto da aproximação da hora de almoço serviu, perfeitamente, para ir dar uma espreitadela e provar algumas das iguarias que por ali encontrámos. 
O gourmet e o artesanal andam de mãos dadas, numa tentativa, bem conseguida, de cruzar o passado, o presente e o futuro num só espaço. Já não se ouvem os pregões de antigamente, mas as frutas e os legumes, a carne e o peixe, a mercearia e as flores ainda têm o seu cantinho.
O mercado de frescos está reduzido a um pequeno nicho, mas em compensação a oferta gastronómica é riquíssima -- dos sabores tipicamente portugueses, à comida japonesa, às pizzas na pedra,  de origem italiana,  à doçaria francesa. Há muito por onde escolher.
Cheirava a caldo verde, acabado de fazer. E a canja de galinha, feita com os miúdos. A presunto e a queijo. A massa fresca. A pão quente e a sumos de fruta. Havia um bulício tranquilo há volta das barraquinhas. Famílias à mesa com a pequenada. Gente à procura de uma mimo para alguém especial. Gente que, tal como eu, não resiste aos doces da Algo by Colonial, propriedade do chefe Francisco Gomes.
A riqueza gastronómica só por si justifica uma visita, mas, para os amantes da diferença, o que mais impressiona é o conceito do edifício -- a harmonia entre o familiar e o urbano, entre o intimista e o cosmopolita, entre a tradição do chocolate artesanal e a sensualidade dos sabores asiáticos.
E, desengane-se se pensa que a oferta do Mercado do Bom Sucesso se esgota à mesa. Também há cultura. Concertos. Fado. Teatro e livros. Workshops. E para completar um café muito original, cujo brunch foi eleito um dos melhores da cidade. Mas do Urban Cicle Café falo-vos um dia destes.



Algo by Colonial

Algo by Colonial, by Francisco Gomes

sexta-feira, 1 de maio de 2015

O próximo # viagens para gente miúda #


O primeiro superou as minhas expectativas. E, portanto, já estou a pensar no próximo. Desta vez vamos viajar pelo nosso país à descoberta de vilas, aldeias e cidades. Dos rios e das serras . Da fauna e da flora. Da gastronomia e das tradições portuguesas.
É mais um retorno à minha infância. Ás viagens que fiz em família. Muitas, muitas, muitas, e cujas memórias guardo até hoje. Da azáfama da minha mãe, a preparar o farnel, onde não faltavam o queijo, o salpicão, o pão de centeio e os bolos de arroz, que o meu avô trazia do Mercado D. Pedro V. À noite mal dormida. À saia de roda cor-de-laranja, companheira de tantas viagens. Ás bolinhas de sabão, também elas companheiras de longas horas. À descoberta desse Portugal genuíno. Aos piqueniques no meio das serra ou na areia da praia. Ao convívio. E à partilha.
Tenho saudades, tantas. Dos gelados que comia, aqui e acolá, dos brinquedos que trazia dos lugares por onde passava. Tenho saudades do avô. Tenho saudades de ser criança. Escrevendo, revivo. Vamos viajar?