quinta-feira, 30 de julho de 2015

São Miguel, a ilha verde


São Miguel, Açores
                                                                        
  A ilha de São Miguel, também conhecida como a ilha verde, é a maior ilha do arquipélago dos Açores.
 São extensos, os campos verdejantes à nossa volta, recortados por muros naturais de Hortênsias. Camélias. E Azáleas. Uns cultivados, transparecendo a fertilidade do solo açoriano. Outros servindo de pastagens. E outros, ainda, em estado selvagem. Natural. Intactos e inatos pela inacessibilidade, devido ao acentuado declive. Mas, albergando uma enorme diversidade de fauna e flora, que conferem à  paisagem uma beleza invulgar.
São Miguel, Costa Nordeste
Desembarcámos na cosmopolita cidade de Ponta Delgada. Não faltam motivos de interesse. Do turismo religioso, ao cultural,  ao comércio tradicional, onde podemos apreciar o artesanato açoriano e adquirir pequenas lembranças da ilha. E à gastronomia. Do  famoso queijo açoriano, ao cozido e à doçaria típica 
Deambulámos pelas belíssimas ruas calcetadas. Pelas pracetas, onde as casas caiadas, as igrejas, os conventos dos séculos XVII–XVIII e os esplêndidos edifícios históricos, emoldurados pelo Atlântico, ganham uma atmosfera quase onírica.

Portas da cidade, Ponta Delgada
Queríamos ficar mais uns dias. Queríamos beber da História deste lugar. Dos costumes. Das tradições, desta gente. Mas não temos tempo.  Estamos apenas de passagem e aconselharam-nos a visitar o Parque Terra Nostra, a Lagoa das Sete Cidades, a Caldeira Velha e as Furnas.
A dona Marília, da loja de recordações, tinha razão. A cidade é encantadora, mas as paisagens, bem essas, são de cortar a respiração. É tudo tão intenso. As cores. E os cheiros. É tudo tão nosso. Sim nosso, português.
Os prados. As manadas de gado. As flores. As aves. A floresta. Os trilhos. As lagoas. Cristalinas. A água fervente que baila na cratera dos vulcões, adormecidos. Mineral. Termal. Pura. Acastanhada. Rica em ferro. O cheirinho ao cozido das Furnas, a que a cozedura na terra vulcânica dá um paladar único. 
Ao fundo o oceano. Sempre o oceano. Imenso.

Lagoa das Sete Cidades

        Parque Terra Nostra               
                                                   
Parque Terra Nostra

 Parque Terra Nostra       
                                                               
                                                               Parque Terra Nostra                                                               

                                                                         Furnas                                                                   
Caldeira Velha
                                                                                             Lagoa do Fogo                                                                                              
Vila Franca do Campo
                                                            Praia de Santa Bárbara                                                               
O tempo voou. Fica muito por ver. Ficam muitas estórias por ouvir. Mas ainda houve tempo para uma ida a banhos. Fomos à praia de Santa Bárbara. Não vimos baleias. Mas os golfinhos, brincalhões, esses apareceram.
À nossa volta, o Atlântico.Tranquilo. Imenso.

Aqui nasceu Portugal

Largo da Oliveira, desfile "Trajes do Passado Penteados do Presente."

Reza a História que aqui nasceu Portugal. Em Guimarães, onde não faltam vestígios da presença D' El Rei. A escassos metros do Castelo, na Igreja de São Miguel ainda existe a pia batismal onde D. Afonso Henriques terá sido batizado. 
Descendo ao burgo monumentos há que, também eles, contam a História de Portugal. Que é da História que a cidade vive. 

 Domus Municipalis (antigos Paços do Concelho)

Padrão do Salado, mandado construir em 1340, por D. Afonso IV, para celebrar a vitória na Batalha do Salado.


Igreja Nossa Senhora da Oliveira & Museu de Alberto Sampaio


Museu de Alberto Sampaio, entendido por José Saramago como dos mais belos museus por onde passou.

sexta-feira, 24 de julho de 2015

No coração do Paiva

Passadiço do Paiva

-- "Chocalhos? Não me lembro da última vez que ouvi chocalhos. Há gado aqui? Nas margens do rio? Em liberdade? Onde? "
-- "Oh minha filha, aqui, o tempo parou. Há meia dúzia de casas na aldeia e pouco mais. Lembraram-se de construir esse caminho de madeira, rio acima. Anda para aí muita gente. Queira Deus que não afugentem o gado e deixem lixo por todo lado."

Percorri o Vale do Paiva com o olhar, ainda incrédula. No fundo da encosta, na margem oposta, lá estavam elas, as cabras serranas a matar a sede. Em dias quentes, como o de hoje, descem o monte à procura de água.
O meio dia aproximava-se a passos largos, quando saímos de Espiunca. Na praia fluvial já havia gente a abrir as cestas e a estender as toalhas de linho, no pequeno areal. Estava na hora do piquenique.
O sol, abrasador, espreguiçava-se pelas escarpas rochosas, que desenham o traçado irregular do Passadiço, obrigando os caminhantes a reforçarem a ingestão de líquidos e a paragens mais frequentes. Nada que nos intimidasse. Havia muita sombra.
Os primeiros quilómetros do percursos fazem-se em terreno plano, a escassos metros da água, onde a vegetação alta é abundante. Por vezes o passadiço é interrompido por caminhos de terra batida, que já ali existiam. A mata é densa. A terra seca e poeirenta dificulta a caminhada, mas a extensão dos trilhos é curta.
Retomamos o Passadiço, construído em madeira de pinho tratado e ancorado em ferro no maciço rochoso. Há quem almoce por aqui. Nas grutas cavadas na rocha pelo tempo, Nas margens, quando acessíveis. Ou junto às quedas de água. Na margem oposta avistam-se pescadores, audazes, literalmente debruçados sobre o Paiva. Homens da terra, que conhecem a serra como a palma das mãos e as manhas do rio, que ora corre tranquilamente, ora serpenteia revolto no fundo do desfiladeiro.
Estamos a caminhar há quase duas horas. Aproximamos-nos da praia fluvial do Vau, finalmente. O areal é pequeno. Acastanhado e poeirento. Recortado por pedregulhos que se prolongam rio adentro. O sol espreita aqui e ali, entre as sombras enormes que os chorões projectam sobre o areia. Os banhos não são aconselháveis, mas há gente na água. O caudal do rio, extremamente baixo, permite travessias, mas há perigo de queda. O leito está coberto de lodo.
É a nossa vez de estender a toalha e de aconchegar o estômago. Trouxemos pão da serra, enchidos e queijo. Vinha mesmo a calhar uma cesta a seguir. Mas não nos podemos demorar, dizem que há mais de 500 degraus para subir.
Uma ponte! Há uma ponte suspensa sobre o rio, a escassos metros da praia. Um miradouro de ambos os lados. E meninos do rio. Aqui também há meninos do rio. E ninguém lhes paga para se atirarem à água. Fazem-no ao desafio.
A sombra escasseia à medida que subimos em direcção à Garganta do Paiva. O percurso é íngreme. A vegetação rara e rasteira. A longa subida que dá acesso à escadaria serpenteia pela serra. Parece não ter fim. Há quem decida voltar para trás. E quem não se dê por vencido.
Uma vez alcançados os degraus de madeira, é precisa coragem para subir ao topo, depois de quase três horas de caminhada. Do miradouro...ah, do miradouro podemos abraçar Vale do Paiva.
A praia fluvial do Areinho fica a cerca de dois quilómetros. O percurso é descendente, mas há quem, tal como eu, prefira inverter o sentido e regressar a Espiunca.
O areal da praia fluvial de Espiunca continua repleto de gente. Há bolo caseiro à venda e fruta fresca. Pedimos uma fatia e sentamos-nos a dois ou três palmos da água. O som dos chocalhos...outra vez o som dos chocalhos! Levanto os olhos e lá vão elas, as cabras serranas, monte acima, indiferentes à nossa presença.

Quedas de água, Serra da Freita

O rio Paiva é um dos rios mais limpos da Europa. Nasce na Serra de Leomil, a 860 metros de altitude, na aldeia do Carapito, em Moimenta da Beira. 



Praia fluvial do Vau, Geoparque de Arouca
O passadiço dá acesso a locais onde o Homem nunca tinha chegado. 

Geosítio da Garganta do Paiva

Praia Fluvial  do Vau

Uma varanda sobre o rio, com um beiral em madeira de um lado e rocha revestida de variadíssimas tonalidades do outro, graças à diversidade da vegetação.

Natureza em estado virgem.

O lado mais selvagem da natureza nas margens do rio Paiva.

quarta-feira, 15 de julho de 2015

Miss Pavlova

Miss Pavlova Exótica


" Um merengue crocante e um recheio cremoso", apresento-vos a Miss da casa número 13 da Rua do Almada, a Pavlova.
Enamorei-me pela Miss Pavolova, há umas semanas atrás. Era mais uma daquelas paixões virtuais, dos tempos modernos. Confesso que nos últimos dias não me tinha lembrado dela, andava atarefada. No meio da correria dei por mim a descer a Rua do Almada. A Miss! A casa da Miss Pavlova fica por aqui. Número 13... Número 13.. Ora cá está.
Atravessei a loja de produtos portugueses à pressa. Não fosse a gulodice, perdia-me por aqui. A casa estava vazia. Aproximei-me da montra. E lá estava ela. A Miss Pavlova exótica, a fazer-me olhinhos. Não resisti. Pedi uma fatia e vim até ao pátio. O que aconteceu a seguir é segredo. Um segredo delicioso, ao alcance de quem por cá passar.





















Pátio









terça-feira, 7 de julho de 2015

Na melhor estrada do mundo

Alto Douro Vinhateiro

 É a melhor estrada do mundo para a prática da condução, dizem os entendidos. Liga Vila Nova de Gaia a Vila Nova de Foz Coa, com a particularidade de juntar três destinos considerados Património da Humanidade -- o centro histórico do Porto, o Alto Douro Vinhateiro e as pintura rupestres do Coa.
Ficámos-nos pelos 27 km que nos levaram até ao Pinhão. Para lá da Régua a estrada segue o percurso do rio, que se espreguiça a seu belo prazer no vale profundo. Nas encostas há vinha e olival. Quintas gigantescas, algumas bastante conhecidas,  abertas ao enoturismo, onde se produzem os melhores vinhos do país.
Do outro lado do Douro segue o comboio, a escassos metros da água, nas escarpas rochosas, de traçado irregular. Por vezes perco-o de vista, quando entra terra adentro nos túneis escavados na encosta. O destino, tal como o nosso é o Pinhão.




Sandeman, propriedades




Régua




domingo, 5 de julho de 2015

Rusgas de São João



O povo saiu à rua, trajado a rigor, numa ode à tradição. As rusgas de São João enceraram os festejos do santo popular que durante o mês de Junho traz à Invicta milhares de pessoas.