segunda-feira, 31 de agosto de 2015

Alentejo # traços da ruralidade #








Migas com carne à alentejana


Monchique

Monchique, o destino perfeito para dias repletos de tranquilidade. Da vila pode partir à descoberta da serra e dos seus segredos. Cascatas. Miradouros. E da pitoresca estância termal, Caldas de Monchique. 

Já fizemos quilómetros e parece que estamos sempre no mesmo sítio. Estamos no Alentejo. Essa terra sem fim à vista. A paisagem só muda de figura quando nos aproximamos da Serra de Monchique, que separa o Alentejo do Algarve.
A planície dá lugar à montanha. As encostas vestem de verde. Do verde dos pinheiros. Dos castanheiros. Dos medronheiros. E do verde dos pomares algarvios.
A temperatura baixa. No fundo dos vales há água. Ribeiros cristalinos. E cascatas. No ponto mais alto da serra, na Foía, há um miradouro natural que se debruça sobre a costa algarvia e o interior alentejano.
E, para completar uma estância termal, que data da época dos romanos, a poucos quilómetros da vila de Monchique, um local também ele aprazível. Tranquilo. De ruas estreitas. Calcetadas e íngremes, donde emerge o casario branco, típico da região, com as suas chaminés de saia.
"O ritmo de vida em Monchique é bem diferente da agitação costeira. Nas pequenas povoações, aninhadas entre as colinas os artesãos mantêm vivas tradições seculares, como a feitura das cadeiras de  tesoura, de peças de vime e  de cerâmica. Os agricultores trabalham as hortas e os pomares. O fruto do seu labor reflecte-se na magnífica gastronomia tradicional. Os enchidos, à base de carne de porco preto. O mel produzido a partir de flores silvestres e o licor de medronho."

Serra de Monchique, turismo de natureza. Passeios pedestres. Piqueniques em família. Observação da fauna e da flora. Descanso.

Igreja Matriz de Monchique. Há outros monumentos para visitar na vila, assim como lojas de comércio tradicional .

Foía, miradouro.

Caldas de Monchique, estância termal emoldurada pelo Parque Natural da Serra de Monchique. http://www.monchiquetermas.com/hotel-overview.html






Sé Catedral do Porto

Sé Catedral do Porto

A Sé, berço da cidade, é um dos monumentos mais antigos do país e ponto de passagem obrigatória para quem visita a cidade.  A construção, de estilo românico-gótico remonta aos séculos XII e XIII. Sofreu algumas alterações e influências barrocas, nos séculos XVII  e XVIII, mas ainda conserva os traços de um igreja fortaleza com ameias. Está localizada no ponto mais alto do Morro da Sé, donde o bairro, ao qual empresta o nome, se estende até à zona ribeirinha. Do Terreiro avista-se toda a zona histórica. O rio. E as caves do vinho do Porto. 


A Rosácea data do século XII.

Loggia ou galilé, obra de Nicolau Nasoni

Sé Catedral do Porto

Terreiro da Sé

Terreiro da Sé

Miradouro da Sé

Sé Catedral do Porto, interior.




                                                      # o tripeiro #

domingo, 30 de agosto de 2015

Pão alentejano




Tem raízes ancestrais e é a base da gastronomia alentejana. Serve para guarnecer caldos simples, fazer migas, bolos, para acompnhar queijos e enchidos ou para barrar com manteiga. A côdea  deve ser dura e a crosta grossa. O miolo compacto. É confecionado com fermento azedo e cozido em forno de lenha.
O fermento deve ser preparado com 48 horas de antecedência. É preparado com farinha de trigo (70g), sal (2g), isco de trigo (50g) e água (30ml). Amassam-se todos os ingredientes e leva-se ao frigorífico, durante o tempo previsto.

Para o pão:
1 kg farinha de trigo
fermento caseiro
14g de sal
600 ml de água

Confeção
Coloque a farinha numa gamela. Escalde-a e de seguida desfaça o fermento na farinha. Adicione a água e o sal e amasse, manualmente. A massa está boa quando começar a bufar e a formar bolhas de ar. Deixe levedar até dobrar de volume. Tenda a massa numa banca polvilhada com farinha. Coza em forno de lenha.
                              Bom apetite!



E, é isto, o Alentejo!


Um céu pintado de azul, que mergulha no doirado da planície, aqui e ali interrompida por pequenos montes. São quilómetros e quilómetros de terra seca. Queimada. Poeirenta. A perder de vista. Rasgados pelo verde dos sobreiros. Alguns, já decapados. Das vinhas. E dos olivais. À sombra, que o sol torra, o gado. Exausto. Ofegante. Também ele faz parte da paisagem, que retrata tão bem a economia local.
A agro-pecuária é a base da economia alentejana. O Alentejo é o maior produtor nacional de azeite e uma das maiores regiões vitivinícolas. " O nosso azeite é perfeito para cozinhar e temperar. Suave. Complexo e harmonioso. Genuíno, como estas terras e estas gentes." "Os vinhos alentejanos são reconhecidos internacionalmente pela sua excelência, cores e aromas. Os brancos mais suaves, frutados, com uma ligeira acidez. E os tintos encorpados e ricos em tanina. Ambos peculiares. Tão peculiares como a região."
E por falar em azeite e vinho, lembrou-me o pão alentejano que nunca falta à mesa. De côdea rija, crosta grossa, sem brilho e miolo compacto. O produto é utilizado em ensopados, migas, açordas, bolos, fatias douradas e em muitos outros pratos regionais. "A gastronomia alentejana é riquíssima. Simples e criativa. A escassez de recursos, assim o exigia, noutros tempos."
Voltámos à estrada nacional. Em Almodôvar, à semelhança de todas a outras povoações alentejanas, o casario branco e azul domina a paisagem. "As casas são caiadas de branco para que o interior se mantenha mais fresco." Para lá chegar tivemos que fazer um pequeno desvio. Da beira da estrada, praticamente, não se avistam povoados. Os latifúndios dominam o horizonte. Para lá dos portões, muitos deles brasonados, avistam-se os solares. Os terraços. E os jardins. As ordenhas. As cavalariças. Os campos. As pastagens. E o gado. Adivinha-se muito trabalho nas herdades, a julgar pela extensão. Mas também gente à volta da piscina. E mais logo, ao fim da tarde, passeios a cavalo. Que muitas destas casas foram transformadas em casas de turismo rural.
E, é isto, o Alentejo visto de passagem! 

Igreja do Rosário, Almodôvar, Beja

Almodôvar, Beja








sexta-feira, 28 de agosto de 2015

Tripas à moda do Porto

Tripas à moda do Porto, Nordeste Transmontano, Rua D. João IV.

A estória das tripas está inscrita na História de Portugal. Remonta à época dos Descobrimentos. Aquando da partida para a conquista de Ceuta, o infante D. Henrique pediu à população que doasse a carne boa para os soldados. Sem carne, a população viu-se obrigada a reinventar a cozinha. Et voilá surgiram as famosas tripas à moda do Porto. 
No Nordeste Transmontano, café/restaurante, recomendado pelo Zomato, há tripas à sexta-feira.

Ingredientes:
1kg tripas de vitela
1 mão de vaca
150gr chouriço de carne
150gr orelheira
150gr salpicão
150gr toucinho
150gr cabeça de porco
1kg feijão manteiga
2 cenouras
2cebolas
50gr banha
1ramo de salsa
1 folha de louro
sal, pimenta e cominhos (q.b)

Confeção
Lave as tripas e esfregue-as com sal e limão. Coza em água com sal. E coza também as restantes carnes, o feijão, uma cebola, em quartos, e as cenouras. Refogue a outra cebola com a banha. Adicione as carnes cortadas e o feijão ao refogado e deixe apurar. Tempere com sal e pimenta. Junte a salsa e o louro. Acompanhe com arroz branco.



quarta-feira, 26 de agosto de 2015

À volta da mesa



Dizem que as melhores viagens se fazem à volta da mesa. Não podia estar mais de acordo. Ontem à noite, a viagem fez-se cá em casa. Os pratos e as terrinas da minha avó, guardados, religiosamente, para estas ocasiões, saltaram do armário.  Estendeu-se a toalha de linho sobre a mesa. E as canecas castanhas de barro, do enxoval da minha mãe, completaram o serviço. 
Não havia um lugar vazio. Mas, há sempre convidados de última hora. E, nem esses ficaram de fora. E já agora o que é que havia para comer? -- perguntam vocês. E para beber?
Leitão da Bairrada, do Nelson dos Leitões, que, na minha opinião, é do melhor que se encontra por aqueles lados. Moelas à casa, que é como quem diz feitas pelo meu irmão, exímio cozinheiro. E bacalhau com broa, a minha primeira experiência. Correu bem, a julgar pela quantidade que sobrou. Acompanhámos com vinho tinto, da colheita do meu pai.
A fruta. O pão-de-ló e o café fecharam a jantarada. Não tenho fotografias. Nestas coisas não entram modernices, que isto é gente à moda antiga. Mas, tenho as receitas.

Leitão da Bairrada - Nelson dos Leitões. Morada: Avenida da Restauração, Mealhada. Recomendado pelo Trip Advisor, pelo Boa Cama Boa Mesa e por nós.

Moelas
Ingredientes:
2kg moelas
alho moído 
malaguetas (2)
tomate
azeite
vinho branco (1 copo)
cerveja (1)
louro
sal
Confeção: Refogue o tomate com o azeite e o alho. Adicione os restantes ingredientes e deixe cozinhar, em lume brando, por 2 a 3 minutos. Junte as moelas e deixe ferver por 30 minutos, na panela de pressão. Sirva com arroz branco e batatas fritas.

Bacalhau com broa
Ingredientes:
1 posta de bacalhau por pessoa
cebolas
azeite
pimenta
alho
miolo de broa 
ovos
Confeção:
Cozer o bacalhau em água e sal (se necessário) por 30 segundos, depois de levantar fervura. À parte, refogue o azeite, a cebola e o alho, durante 2 minutos. Junte o bacalhau em lascas, livre de peles e espinhas, ao refogado. Adicione pimenta e deixe cozinhar, durante cinco minutos. Disponha o preparado num tabuleiro. Cubra-o com o miolo da broa e com os ovos batidos. Leve ao forno até ficar douradinho. Sirva com batatas a murro e salada.

Pão-de-ló:
Esta receita é tão antiga. Era o bolo que a minha mãe me fazia na infância. Batem-se as claras em castelo (6). Juntam-se as gemas e o açúcar (1 colher de sopa por ovo) e mexe-se. Adiciona-se a farinha ( 4 colheres de sopa) e o fermento (uma colher de chá). E raspas a gosto, de limão ou  de laranja. Ontem polvilhei com açúcar e canela em pó. Tempo de cozedura 30 minutos.










Rua de Entre Quintas

Rua de Entre Quintas, Porto

Os habitantes são poucos. À falta de turistas, a rua estaria deserta. Integrada na rota do romântico, a Rua de Entre Quintas fica nas traseiras do Palácio de Cristal, que lhe empresta todo aquele verde. Todo aquele ambiente bucólico que se prolonga na antiga Quinta da Macieirinha, sitiada na referida rua. A casa de campo que remonta a finais do século XVIII foi adquirida pela autarquia e convertida no Museu Romântico do Porto. No seu interior foi recriado o ambiente de uma casa da alta burguesia tripeira de oitocentos e preservada a memória de Carlos Alberto de Sabóia, rei da Sardenha. Figura romântica que a Invicta recebeu com o coração e que acabou por falecer nesta casa.
A História da rua não se  resume  à casa de campo e ao seu famoso inquilino. O nome deve-o à localização. A rua fica entre a Quinta da Macieirinha e a Quinta do Meio ou Casa Tait onde se completa a rota do romântico. A casa pertenceu a William Tait, negociante de vinho do Porto e estudioso de fauna e flora. Ainda conserva traços ingleses no que toca aos espaços interiores e ás espécies que encontramos nos jardins. Há rosas de toda a espécie. Majestosas coleções de rosas. Camélias e um liriodendrum tulipifera.
Á volta predomina o verde, que lhe emprestam o Palácio de Cristal, também chamado de Jardim Romântico, os bosques e os terrenos agrícolas. E o silêncio. Quase sepulcral, que vagueia, solitário, pelas estreitas ruas de calcada, ladeadas por muros altíssimos de granito. Ao fundo, o rio, tranquilo. E nós, aqui enamorados deste Porto antigo.

Rua de Entre Quintas

Rua Entre Quintas

Rua Entre Quintas

Rua Entre Quintas

Rua da Macieirinha

Rua da Macieirinha

Rua da Macieirinha

Rua da Macieirinha


Rua Entre Quintas

Casa Tait

Casa Tait

Casa Tait


Casa Tait

Casa Tait

Casa Tait

Casa Tait ( entrada gratuita nos jardins)



Museu Romântico (entrada paga)


             Rota do Romântico: Palácio de Cristal, Museu Romântico e Casa Tait.

                                                                                 # o tripeiro#