quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Acabo de me apear em São Bento

Estação de São Bento, Porto

Vou nada menos que ao Porto e prometo que de quanto vir e ouvir de quanto eu pensar e sentir se há-de fazer crónica." São 4 deste mês de Novembro. O trem, que me há-de levar,  dará entrada na linha dentro de breves instantes. Algumas dezenas de viajantes aproximam-se da plataforma, tal como eu. O comboio desliza, tranquilamente, sobre a linha até que se imobiliza. Um senhor alto, de ar distinto, que segura com afinco uma maleta de mão, dourada, abre a portinhola e cede-me, gentilmente, a passagem. Procuro o lugar indicado no bilhete. Sento-me, confortavelmente, junto à janela. No regaço, o meu companheiro de viagem, um livro, os pastéis e as queijadas de Tentúgal para a D. Violeta, que teimou em receber-me em sua casa.

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As carruagens movem-se, languidamente, através da ponte de São João. O olhar já se perde nas águas douradas, nas ruelas estreitas da Ribeira, no casario, que serpenteia pela encosta recortado pelo verde que o emoldura. "Ah, ver o Porto, ver o Porto é guardar imagens da luz e da atmosfera que, em algumas horas e em certos dias, como o de hoje, envolve, define e acentua os contornos do burgo, dos morros, das torres, dos maciços verdes, das muralhas, das pontes e dos palácios, das margens, apinhadas de gente de fora que se mistura com as gentes da terra,e do cais onde os rabelos balouçam ao sabor da corrente."
Acabo de me apear na estação de caminhos-de-ferro de São Bento. A D. Violeta teimou em vir esperar-me. Como se eu não conhecesse o caminho. A Estação de São Bento, localizada no coração da zona histórica do Porto, foi construída no início do século XX, no preciso local onde existiu o Convento de S. Bento de Avé-Maria. O edifico, imponente, inspirado no estilo arquitectónico parisiense, do século XIX, com o seu telhado de mansarda, estrutura de ferro fundido e frontaria de pedra, projectado pelo arquitecto Marques da Silva, foi considerado um dos mais belos do mundo, pela edição on line da Travel Leisures.
A D. Violeta acena-me, do outro lado do átrio. Reconheço-a pelos óculos pesados e pelo sorriso rasgado que lhe compõem o rosto. Apresso o passo. Não presto a devida atenção ao magnífico átrio, da estação, revestido com azulejaria tradicional portuguesa. Aqui foram representadas cenas da História e da vida portuguesa bem como da evolução dos transportes, pela mão do pintor Jorge Colaço. Os flash sucedem-se. Os estrangeiros querem imortalizar a gare nas suas memórias digitais. Alguns preferem, ainda, os velhinhos postais.







           

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